"Quando Miguel perguntava quem era a sua mãe ou onde morava o seu pai, o avô tossia para um lado, tossia para o outro, arranjava um resfriado, uma dor nas costas e só lhe respondia:
- Ô Miguel, a sua mãe já volta. Daqui a um pouco, ela volta.
Mas a mãe nunca voltava, nunca… Ele desmanchando as rabiolas. Ele olhando no portão. A cada laço que desfazia era uma esperança que se soltava. E ele já tinha reparado: quando as pipas voavam embora, elas voavam para nunca mais.
o avô dizendo:
- Ela já volta…
O relógio dizendo:
- Ela já volta…
… e outra volta e outra volta e foram anos se passando. O relógio faz volta, mas o tempo, não. A latinha velha dando voltas na linha. O avô enlaçando o menino nos braços, dizendo que o abraço era só um ponto que a vida dava para costurar o amor. "
(Rita Apoena)
- Ô Miguel, a sua mãe já volta. Daqui a um pouco, ela volta.
Mas a mãe nunca voltava, nunca… Ele desmanchando as rabiolas. Ele olhando no portão. A cada laço que desfazia era uma esperança que se soltava. E ele já tinha reparado: quando as pipas voavam embora, elas voavam para nunca mais.
o avô dizendo:
- Ela já volta…
O relógio dizendo:
- Ela já volta…
… e outra volta e outra volta e foram anos se passando. O relógio faz volta, mas o tempo, não. A latinha velha dando voltas na linha. O avô enlaçando o menino nos braços, dizendo que o abraço era só um ponto que a vida dava para costurar o amor. "
(Rita Apoena)
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